“Ainda tá valendo?”, perguntou Estevam Soares em resposta às minhas mensagens enviadas no começo da tarde desta quarta-feira. Longe de Imperatriz e com uma agenda cheia – reflexo de quem ajusta os últimos detalhes antes de pegar o voo com destino a Belém – o técnico de 64 anos se prepara para assumir o 35º clube de futebol da sua carreira como treinador.
“Ainda dá tempo sim, professor!”, respondi. Sem titubear, o novo técnico do Imperatriz respondeu a todos os questionamentos que eu havia feito. Conversa rápida, mas de tamanho suficiente para deixar claro que sabe da responsabilidade que tem nas mãos.
O acordo entre Estevam Lemos Soares e o Cavalo de Aço foi confirmado e anunciado no último domingo. O primeiro encontro entre professor e elenco ocorre nesta quinta-feira, em Belém, na concentração para a partida do próximo sábado contra o Paysandu, atual campeão paraense. Confira a entrevista:
AP: Você assumiu o clube em um momento de muitas mudanças. É um time novo, com jogadores que não se conhecem. Qual pode ser a estratégia utilizada para driblar essa falta de entrosamento entre os jogadores do elenco e com a própria comissão técnica?
ES: O time é novo, é um time em formação. O clube não vem em uma posição confortável na tabelo, apesar de ter dois jogos a menos. Acho que a principal estratégia nesse contexto é o diálogo aliado ao trabalho de campo. Demos início a esse trabalho na última terça-feira por meio do meu auxliar (Lucas Matheus). Na quinta-feira e na sexta-feira, em Belém, vamos fazer os reparos finais da parte tática dentro daquele pensamento que desejamos para o jogo de sábado. Além desse trabalho de campo, do posicionamento e dos ajustes que vamos fazer é muito importante o diálogo entre comissão e jogadores, entre os próprios jogadores e a recíproca da comissão técnica com os próprios atletas. Penso que se tivermos essa interação e esse propósito de buscar a vitória, fatalmente nós poderemos ser agraciados.
AP: Na sua visão de técnico do Imperatriz, quais são os principais desafios para esse jogo de sábado contra o Paysandu?
ES: É de uma importância vital. Primeiro, para nos posicionarmos melhor na tabela e sairmos dessa situação incômoda. Segundo, para que a gente consiga essa primeira vitória que já vem sendo esperada há três rodadas. Mas isso não vem ao acaso. Você não consegue uma vitória por acaso. Você não consegue resultados positivos contando com a própria sorte. Já começamos a trabalhar com o auxiliar e ainda teremos dois trabalhos táticos para nos ajustarmos. A equipe tem seus desfalques, seus problemas de contusão e os casos de Covid-19 tem nos afetado. Penso que precisamos ter muita atenção nesse jogo.
No futebol, assim como na vida, existe o “você querer”. Claro que só o querer não te faz vencendor. Só o querer não te faz ganhar jogo. Mas é um ingrediente muito importante. A partir do momento que começamos a conversar com o elenco, começamos a introduzir nossas ideias, nossos conceitos, os nossos pensamentos. E não só de time, mas de família, de conjunto, de busca da vitória, de ajuda mútua. Isso é muito importante dentro de um time vencendor.
AP: Quais são suas expectativas para essa estreia no sábado e o que você espera alcançar com o clube?
Esperamos um resultado positivo. Mas o que é um resultado positivo? Nós estaremos jogando fora de casa, então, primeiro a vitória, segundo o empate. Você não pode pensar diferente. Antes do empate, você tem que tentar buscar a vitória. É esse pensamento que já estamos trabalhando e vamos começar a trabalhar mais forte com os atletas. É um jogo contra o atual campeão paraense, uma equipe que está em um momento ímpar de alegria, conquista e felicidade. Mas o futebol, sem dúvidas, é o esporte coletivo do mundo em que acontece mais ‘zebra’ pelo confronto físico, pela estratégia tática, pela preparação física de A, B ou C. É em cima disso que vamos trabalhar. Nesse jogo é fundamental que façamos uma boa partida, que se apresente bem, que a gente tenha a vitória. Esse é o nosso pensamento.
Desde a chegada do Lucas na terça-feira, já estamos passando essa mensagem positiva de vitória. Será que ela vai vir no sábado? Não sabemos. Mas volto a frisar: bastante desfalques, alguns jogadores contundidos, outros com Covid-19. Quem vai pra lá representar o Cavalo tem que ir com força, tem que ir com pensamento positivo e pensamento de buscar a vitória.
AP: Como você enxerga essa fase que o Cavalo de Aço está vivendo e quais são as propostas de resolução que você vai buscar como técnico?
ES: Essa não é uma fase boa, é claro. Dos 9 pontos, nós fizemos 1. É um aproveitamento em torno de 10%. Isso é muito ruim. Temos um caminho: a observação. Meu auxiliar nesses dois dias já está dando treinos, já observou bastante coisas positivas e algumas negativas também. Eu, a partir de quinta-feira, vou estar no front de batalha com os atletas e, além de preparar a equipe, meu olho observador vai estar vendo, vou estar sentindo. Penso que, acima de tudo, temos que fazer não só um time forte, mas um elenco forte para a Série C.
Em um campeonato com 18 jogos na primeira fase, como é esse, se você não tiver um elenco e um time forte, fatalmente você vai tropeçar na frente ou você não vai ter gás e perna para chegar com êxito no fim da competição. Então, o segundo passo, além de trabalhar e observar, é ver as posições carentes. Ver os lugares que nós vamos precisar de reforços pontuais. Vou conversar com o Marcelo, que é nosso gestor, para buscarmos essas contratações no mercado e fazermos além de um time com qualidade, um elenco muito forte para suportar o campeonato.
